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3 anos 1 mês

O ensino à distância em tempos de confinamento

O governo decidiu manter as escolas abertas, pelo menos por agora. A justificação é que o ensino não presencial prejudicaria “irremediável e precipitadamente o percurso de aprendizagem dos alunos”. Vários peritos como o antigo Ministro da Saúde Adalberto  Fernandes, o Epidemiologista Carmo Gomes, o Virologista Paulo Paixão e a própria Ordem dos Médicos, sendo unânimes em relação à necessidade do  fecho das escolas  pelo menos para os maiores de 12 anos, para diminuir o índice de transmissão. Alguns estudos recentes referem que tem havido um aumento dos contágios nas faixas etárias dos 14 aos 24 anos, tendo os jovens maiores comportamentos de risco e mais dificuldade em cumprir normas, seria de ponderar a possibilidade de colocar esta faixa etária na modalidade de ensino à distância.

Num artigo de opinião no Jornal Público, António Carlos Cortez refere que “aprender através de um ecrã não é aprender”, que  ensino não presencial ou  à distância não é ensino, com o qual discordo completamente.  A minha opinião é que o ensino à distância permite mitigar a falta do ensino presencial. Universidades e escolas de topo mundial proporcionam ensino à distância há muitos anos com grande sucesso e em Portugal a Universidade Aberta desde 1988 que dá cursos superiores que estão homologados pelas entidades oficiais. Hoje em dia existem recursos, metodologias e estratégias que podem fazer com que o ensino não presencial seja  envolvente, colaborativo, diversificado onde a autonomia do aluno é incrementada assim como as competências digitais. As diversas plataformas de aprendizagem, (google, classroom, moodle, microsoft teams, escola virtual) os softwares educativos e específicos para as diversas disciplinas permitem ao professor a concepção de um plano de aula rico e diversificado, com ferramentas de avaliação que permitem a verificação das aprendizagens. Por outro lado a experiência que os professores tiveram durante o primeiro confinamento permitiu uma aprendizagem e formação que lhes forneceu maiores competências neste tipo de ensino. Alguns continuaram a utilizar estas ferramentas mesmo no ensino presencial, adotando um ensino híbrido ou b-learning que junta os dois.

Neste momento a pandemia deixou o país no topo dos contágios a nível mundial, nunca a vida de cada um de nós dependeu tanto das atitudes cívicas e do cumprimento de regras de todos ( “um por todos e todos por um”). A manutenção das escolas abertas não permite um confinamento eficaz pois mais de 2 milhões de alunos, professores e auxiliares educativos, motoristas de autocarros, pais, polícias e outros profissionais têm de se movimentar aumentando os contactos e desse modo o risco de infeção. Assim não diminui rapidamente o número de contágios, prolongando o confinamento e desse modo mais tempo demora a retoma da economia.

O  desígnio maior que tem de  nortear o decisor político é o de preservar a vida humana.

 

Professor Alcides Meireles, Licenciado em Química (FCUP) e Mestre em educação multimédia (FCUP)