Recordemos aqui a intervenção de Álvaro Neto, digníssimo director da nossa “Gazeta de Paços de Ferreira” que na intervenção de Paulo Meneses viu as seguintes virtualidades:

Esta intervenção de Paulo Meneses reveste-se de extraordinária importância, por várias razões.
A primeira remete para a questão do financiamento público, direto ou indireto, de atividades desportivas de caráter profissional, que está legalmente vedado.
Em segundo lugar traz à colação as inter-relações entre o tecido económico e o desporto: o tecido económico como financiador das atividades desportivas e da sua promoção e por seu turno o desporto como veículo publicitário das atividades económicas e da sua promoção, aqui surgem as palavras de Paulo Meneses de “premiar os empresários de Paços de Ferreira”.
(Serão os empresários a premiarem-se a si próprios, via patrocínio Capital do Móvel nas camisolas?)
Uma outra questão a levar em conta será o papel da Associação Empresarial de Paços de Ferreira, como representante do tecido empresarial pacense.
(Será ela a ser influenciada pela Câmara para convencer os seus associados a investir na publicidade das camisolas?)
Em resumo: A última questão será a de se saber quem é que, não podendo decidir ele próprio, deverá influenciar para entrar com o dinheiro do patrocínio, no fundo, quem é que irá patrocinar as camisolas com a Capital do Móvel e assim premiar os empresários de Paços de Ferreira.

Esta visão de Álvaro Neto desenha a situação tal como foi colocada na homenagem. E poderia resumir o “estado da questão” se ela se referisse apenas a isso. Mas não resume. E o que falta?

Na nossa opinião, a marca Capital do Móvel é propriedade  do município e por isso deve ser gerida como património comum na promoção do concelho, e assim ser dotada de fundos financeiros (para isso é preciso uma estratégia específica). O plano de negócios da promoção da marca deve ser completo e visar as actividades elegíveis, onde de facto a ideia de Paulo Meneses faz todo o sentido, entre outras.

O envolvimento da AEPF na promoção da marca também faz sentido desde que cumpra os requisitos acima descritos; contudo a sua natureza agregadora dos interessas das empresas exige uma atenção redobrada à justiça da distribuição das verbas angariadas, escusando-se a associação em comprometer as suas opções a uma entidade como seria o caso se a visão de Álvaro Neto se concretizasse – apoiar um clube específico, embora este seja de facto, neste momento, um dos grandes embaixadores do concelho em todo o país.

A precipitação da AEPF, sem estes cuidados, pode levar a que seja questionada a sua visão unitária do concelho e pode devolver para a sua intimidade associativa alguns problemas de coesão que se manifestarão num futuro breve.

Seja como for, estamos aqui para sublinhar que a proposta de Paulo Meneses foi oportuna, esperando-se de Humberto Brito, que tendo em consideração as virtualidades da mesma, ajude a definir um enquadramento que agrade a todos, ou, pelo menos, não prejudique ninguém.

Arnaldo Meireles

Presidente da Assembleia Geral do Sport Club de Freamunde