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3 anos 1 mês

Alterações climáticas: Sempre no limite

Nesta terceira parte da reportagem sobre as alterações climáticas perguntemos qual opapeldos recursos humanos nesta tarefa gigantesca. Para as pessoas esta é a maior viagem, a mais intensa descoberta, a última fronteira. O denominador comum de todas as estratégias. Não existe presente, não existe futuro, nem existem empresas, sem pessoas. 

Desde a revolução industrial nos séculos XVIII e XIX, a mecanização dos processos criou riqueza a um ritmo nunca visto. As revoluções continuaram ao longo do tempo e continuam hoje a suceder, a um ritmo acelerado e de enorme impacto nas sociedades. 

O homem foi sempre e sempre será o engenho da mudança. Torna-se assim evidente o seu papel fundamental na construção de uma Economia Azul sólida, visionária e sustentável, sendo prioritária o investimento no ensino e na formação de recursos humanos qualificados. 

A qualificação dos Recursos humanos

Com a intensa mecanização é necessário cada vez mais qualificações. Neste ponto, estamos num bom caminho mas, ainda há muito a fazer. 

Pensar nas pessoas como centro implica uma mudança radical. A Economia Azul oferece vastas oportunidades de desenvolvimento de carreiras profissionais desafiantes e gratificantes. Muitos portugueses, jovens e menos jovens, estariam interessados em saber mais sobre este mundo, mas infelizmente e para muitos, o mar ainda é terra dos segredos. 

A qualificação de recursos humanos é fundamental hoje e amanhã, nas sociedades menos desenvolvidas e nas mais avançadas. O ser humano é uma máquina criativa e construtiva de soluções; a aprendizagem e a melhoria contínua são a melhor garantia da sua sustentabilidade. O futuro vai influenciar e ser influenciado pela disponibilidade de recursos humanos qualificados, exigindo a reinvenção de metodologias e processos de qualificação no presente, orientados por princípios e valores sociais dos quais nos desviámos no passado.

O Ensino do Mar em Portugal é, no entanto, escasso e limitado não cumprindo, na maior parte dos casos, a sua missão nuclear. As instituições de ensino deverão ter sempre presente a sua missão, servir a comunidade, contribuindo para o seu desenvolvimento e harmonia, através da captação de novos alunos, promoção do ensino e da formação, e apoio à integração profissional e ao desenvolvimento de carreira. 

Marketing aplicado na Economia Azul 

O desenvolvimento da economia azul nacional, precisa de recursos humanos e de capital. A sua mobilização e captação dependem de uma solução comum, a comunicação. 

Portugal beneficia do estatuto de nação marítima, afirmando uma forte identidade, patente nos usos e costumes, alimentada por uma herança cultural inquestionável, alicerçada num passado de concretizações territoriais e intelectuais. Esta identidade marítima necessita, no entanto, de se expandir para novas ideias e novos feitos. Portugal tem uma política para o mar, a qual assenta nos pilares de sustentabilidade ambiental, económica e social. A mesma tem vindo a desenvolver-se através de várias ações dispersas, concretizadas ao longo de mais de duas décadas. 

Em 2006, foi lançada a Estratégia Nacional para o Mar, tendo a mesma sido atualizada em 2014. Esta estratégia é atualmente apoiada, na sua execução, pelo Plano Mar-Portugal. 

No entanto, não existe qualquer plano de comunicação estratégica do mar. A economia azul leva assim um rumo incerto, ditado mais por correntes e ventos, e menos por ambição e vontades. Sem comunicação, a concretização do desígnio “Portugal é Mar”, terá de esperar por maior comando.

Como se pode e deve comunicar o mar? Benchmarking, mar e turismo

Benchmarking siginifica “copiar criativamente”. Formalmente, constitui uma medida da qualidade das políticas, produtos, estratégias etc. de uma organização, comparando-a com outras, com o objectivo de determinar quais e onde as melhorias são necessárias; analisar como outras organizações atingem os seus altos níveis de desempenho; e usar essas informações para melhorar a sua performance.

Ao aplicarmos a técnica de Benchmarking às políticas Nacionais de Mar e de Turismo, chegamos a várias conclusões importantes, algumas das quais se partilham:

  • A Política do Turismo beneficia da concentração numa única entidade – o Instituto do Turismo de Portugal;
  • O Plano Mar Portugal afigura-se de complexa gestão e monitorização, fácil de entender por especialistas, mas de difícil comunicação ao público;
  • A Política do Turismo assenta fortemente em consulta e auscultação pública, articulando interesses e mobilizando a comunidade;
  • A aposta na comunicação com o público e com os mercados, promovida pelo Turismo de Portugal, é notória e efectiva, sem paralelo na Política do Mar;  
  • A rede de ensino secundário e profissional que suporta a Política do Mar, é reduzida e extremamente limitada na ação. 

Poluição marinha e economia circular

Os factos: 

  • Existe apenas um Oceano e várias bacias oceânicas interligadas;  
  • O Oceano cobre 71% da superfície da Terra e contém 97% da água do planeta; 
  • O Oceano é um meio mais tridimensional que a parte terrestre do planeta; 
  • O Oceano absorve cerca de 30% do dióxido de carbono produzido por humanos, amortecendo os impactos do aquecimento global; 
  • O Oceano fornece cerca de 50% do oxigénio que respiramos; 
  • O Oceano é a maior fonte de proteína do mundo, e mais de 3 mil milhões de pessoas dependem deste como fonte primária de alimentação;.

Existe lixo marinho praticamente por todo o Oceano. A maior parte desse lixo, cerca de 80%, provém de atividades terrestres. Este lixo, principalmente os plásticos, ameaça não só a saúde do Oceano, mas também a economia e o futuro da humanidade.  

Em cada ano, aproximadamente 10 milhões de toneladas de lixo acabam no Oceano. Os plásticos, e muito em especial os resíduos de embalagens de plástico, como garrafas de bebidas e sacos não reutilizáveis, são de longe o principal tipo de detrito encontrado no ambiente marinho. E a lista continua: redes de pesca estragadas, cordas, pensos higiénicos, tampões, cotonetes, preservativos, pontas de cigarro, etc. 

O lixo marinho é um problema à escala mundial, muitas vezes invisível. Apenas uma pequena parte do lixo marinho flutua ou chega às costas. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), apenas 15 % dos destroços marinhos flutuam à superfície do mar; outros 15 % permanecem na coluna de água e 70 % estão depositados no fundo do mar. 

Informação sobre a Economia Azul: https://www.economiaazul.pt/#/economiaazul/

Informação sobre a Ecoonomia do Mar: Economia do Mar: saiba por que é um setor estratégico para Portugal (cgd.pt)

 

 

Por David Carvalho – amanhã publicaremos a quarta parte deste artigo