No mundo divinizado pelas realidades ilusórias e passageiras, que sejamos desafiados a buscar a verdade, mesmo nas ações que nos parecem externas e transitórias: o amor incalculavelmente empoderado de Deus. Ele, nosso único bem e sumo bem, nos arranca de tudo que é “transitoriedade” e nos concede o absoluto e o verdadeiramente definitivo. Que as cinzas e os demais simbólicos sinais, como práticas de contrição, enternecimento e piedade, que marcaram o início da caminhada para a Páscoa, nos atraia e induza, na exatidão insuspeita de nossa imortalidade transformada em glória, pela bem-aventurança eterna.
Alimentados e envolvidos pelo Senhor Jesus, no sonho desafiador de um humanismo novo e solidário, que o sagrado tempo da Quaresma seja de bênçãos e graças, no esforço da construção do dom maior do amor, pela cultura do diálogo, na esperançosa peregrinação pelo nosso deserto do dia a dia, rumo à montanha sagrada. Gravemos na mente e no coração a sua extraordinária força simbólica, como um tempo favorável na caminhada do povo de Deus. Quaresma, na verdade, expressa um tempo santo e abençoado (dias, noites e anos), em que Deus quer se revelar e se manifestar em toda a sua plenitude, e quer uma única coisa dos cristãos: a conversão, a começar pelo interior do coração.
Só mesmo na certeza de que Deus quer nossa conversão interior, respondamos, não só com súplicas e louvores, mas, sobretudo, com o coração aberto aos sinais de Deus. É na adesão pelo essencial, invisível aos nossos olhos, que somos chamados a um profundo mergulho no mistério de Deus, neste tempo precioso da Quaresma. Voltemo-nos ao mistério do invisível e do essencial, como nas palavras de Dom Helder Câmara: “Que eu aprenda afinal, com a paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo, a cobrir de véus o acidental e efêmero, deixando em primeiro plano apenas o Mistério da Redenção”. Assim seja!
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