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Suaves picardias e consenso geral na Assembleia Municipal

Decorreu ontem a assembleia municipal num ambiente geral de consenso – todas as propostas do executivo foram aprovadas, sem votos contra – numa narrativa política serena caracterizada mais pelo que não foi dito (e apetecia dizer) percebendo-se que os partidos guardam para mais tarde a visão que têm para o concelho.

Foram feitos discursos para a acta e para memória futura (por parte do PS) e reparos do PSD distanciando-se da narrativa de sucesso do executivo.

PS – um concelho perfeito

Na narrativa do PS o concelho está bem e recomenda-se tal é o nível de sucesso na gestão financeira bem como na intervenção social – sobretudo no ano 2020 e 2021 – e nem se percebe porque é que o PSD insiste em existir e apresentar dúvidas (metódicas), e sobretudo em visitar associações.

Numa bizarra proposta de luta contra as beatas (de tabaco, ok?) – o único insucesso que o PS admite na causa ambiental –  vimos a disponibilidade de um deputado em ajudar a polícia municipal a identificar os infractores na via pública dada a “calamidade” que esse problema lhe provoca.

Mais a sério, mas com a picardia da noite, o vice-presidente, em substituição de Humberto Brito, pediu ao PSD que não atrapalhasse no assunto da linha férrea e que os deixassem trabalhar não só para as questões do dia mas a encarar também uma aposta de futuro.

Na criação de empregos qualificados que foi aprovada ficou manifesto que se adequam às novas competências assumidas pelo executivo nas áreas de intervenção social (saúde e cooperação com IPSS).

PSD – os buracos do executivo

Ao de leve, o PSD relembrou a memória da sua gestão na área ambiental e habitação social e questionou a ausência de investimento em habitação social nos dois últimos mandatos socialistas. “Estes despesistas”, como acusa o PS, dotaram todo o concelho de rede de água e saneamento e tratarem das famílias mais carenciadas alojando-as em condições dignas. E “agora nada!”

E lembraram a ETAR de Arreigada que, não conseguindo tratar as águas do rio Ferreira em pleno, ainda está longe do funcionamento esperado.

Num inesperado regresso ao passado, o PSD, depois de se ter pronunciado a favor da linha férrea no concelho, voltou ao discurso céptico da linha apontando alternativas de mobilidade que são experimentadas noutros países. Deu assim entrada para a picardia “deixem-nos trabalhar e não atrapalhem” que provavelmente terá incomodado mais a nova direcção concelhia social democrata do que o próprio executivo.

Ambiente sereno

De realçar o ambiente cordato em que os trabalhos decorreram. O que é uma boa notícia e se pede numa democracia civilizada. Embora se perceba a vontade demolidora da narrativa, tantas vezes inflamada por questões particulares, vemos que os deputados, quando sobem ao “púlpito do discurso”, procuram deixar definições que possam ficar na história. Mas poucos vão conseguir isso.