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Desporto abandonado e fora da agenda política

No âmbito da análise ao Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com um valor de 13.900 milhões de euros em subvenções centrado em 3 grandes áreas temáticas estratégicas: o reforço da resiliência económica, transição climática e a transição digital, as Associações Distritais e Regionais de Futebol redigem um documento onde dão conta da falta de inclusão do desporto neste plano.

O PRR acaba, na minha opinião, por ser o culminar do constante desrespeito e desvalorização por parte do nosso Governo para com o desporto em geral. O desporto tem sido um dos setores com maior impacto com a pandemia do COVID-19 e, igualmente, um setor negligenciado e desprovido de quaisquer políticas de Estado que garantam a sua sobrevivência. 

A A. F. Porto, após um breve contacto, refere que não existem “dados concretos nem abstratos” para a retoma das competições, referindo que têm “planos de contingência preparados” para dar resposta às decisões que forem tomadas. No entanto, apesar destes planos é notória a preocupação para com as consequências nefastas que ainda não são conhecidas.

A 4 de Dezembro de 2020 foi enviada uma Carta Aberta a todas as instâncias que considerei terem especial interesse na causa, onde referi de entre muitas outras coisas: as consequências da paragem da actividade de formação; as consequências que interdição do público nos estádios tinha, principalmente na economia do futebol em geral e, nos clubes distritais e regionais, em particular; é referido, ainda, a importância que a atividade física tem para a saúde física, social e, ainda, mental das inúmeras crianças que passam pelos escalões de formação, principalmente nesta situação desastrosa com que nos deparamos.

Mas, por incrível que pareça estamos em Fevereiro de 2021 e, no meio de dez endereços, somente o presidente da junta de Freamunde, o gabinete do Sr. Secretário de Estado da Juventude e do Desporto e, ainda, o gabinete do Sr. Primeiro Ministro me responderam. Infelizmente e como era expectável, todos dizendo que a situação estava a ser acompanhada, não demonstrando quaisquer perspectivas futuras.

Acontece que passado 2 meses desta exposição e passado quase 1 ano de pandemia, as políticas continuam a ser nenhumas, as respostas continuam a ser nulas e, infelizmente, os apoios locais também são nulos. No entanto, os problemas, as dívidas, as despesas continuam a aparecer, dia após dia, tornando-se insustentável.

“De resto, as televisões, as fotografias de jornais mostram muitos espetáculos desportivos com centenas de pessoas a assistir fora do espaço desportivo propriamente dito, mas cá fora, à volta do campo. Enfim, em ajuntamentos que, naturalmente, comportam riscos. Eu creio que seria preferível deixar entrar essas pessoas e regulamentar a forma como se poderia ter acesso às bancadas. Mantendo as distâncias de segurança e os controlos de segurança, seria possível isso, seria preferível isso do que estarem cá fora completamente aglomerados, sem critérios, sem disciplina e correndo riscos”, diz José Manuel Constantino, presidente do comité olímpico de Portugal, numa entrevista à SIC Notícias em Dezembro de 2020, o qual sublinho.

Em suma, citando novamente este senhor, “O desporto não tem peso na agenda política do Governo, porque há uma deficiente perceção cultural sobre a sua importância na construção de uma sociedade moderna. Alguma razão tem de existir para o facto de a generalidade dos países europeus terem encontrado soluções para a situação e em Portugal elas ainda não terem ocorrido. Eu atribuo a isso à ausência de peso político na agenda governamental na área do desporto, e isso resulta de uma deficiente perceção sobre a importância cultural que o desporto tem na sociedade portuguesa”. 

(Fontes: SIC Notícias e Site Oficial da A. F. Porto)

Texto: Marta Alves, atleta do Sport Clube de Freamunde e Estudante de Criminologia