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casa das artes
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Aqui está a feira mais bonita, com a luz de Santa Luzia

“Freamunde é bonito, é bonito em tradições, suas festas padroeiras batendo os corações. Santo António abre as portas, Sebastianas é alegria, festejamos até à Santa Luzia”.

Não, hoje não vamos ouvir o Mingas a cantar uma canção que todos sentimos como um fiel retrato do nosso povo e vida comunitária… festejamos todo o ano, até à Santa Luzia. Hoje, vamos festejar sobre a nossa história e a nossa memória colectiva.

Pela primeira vez, a Missa Solene de Santa Luzia não será celebrada na Capela de Santo António, onde é venerada. Quis o destino que a Santa Luzia, depois da Imaculada Conceição, também conheça o ar e a luz da Igreja do Divino Salvador.

Pois, e a Feira dos Capões? É isso, a Feira dos Capões, após 300 anos de realização conhece uma edição com sabor agridoce. Vamos ter feira, mas com horário limitado, assim como os feirantes, só os habituais. Não será a grandiosa feira a que estamos habituados, em que tudo se vende, que o Natal também é em Dezembro e os visitantes são aos milhares.

Este ano é que ia ser, este ano a feira calha a um domingo. Sim, que quando calha a dias da semana a feira tem bem menos afluência. Cada vez é menor o número de Freamundenses que reservam um dia de férias para poder gozar nesta feira.

Os tempos mudam…  É, também não vamos ter os cavalos que são uma tradição e presença secular, assim como o nosso conterrâneo e ilustre Freamundense Abílio Ribeiro Gomes (Freichedas) que todos os anos trazia até cá os seus amigos da arte equestre. Saudades também do seu cavalo branco que tanto deliciava miúdos e graúdos e os seus familiares e amigos.

Para os forasteiros a Festa de Santa Luzia e a Feira dos Capões são a 13 de Dezembro, mas para os locais e quem gosta do sentir e alma de romeiros da nossa gente, a noite de hoje, 12 de Dezembro já é dia, e dos bons e prolongados, mesmo com o frio.

Não, hoje não é o Capão que reina, hoje é o dia de cheirar a rojões pelas ruas de Freamunde, onde existe um café, um tasco, um restaurante, o aroma é o mesmo, a que se segue um aroma intenso a cominhos para acompanhar as papas de sarabulho.

Após o jantar, é na tenda das Sebastianas que o coração de Freamunde pulsa mais forte. Encontram-se várias gerações, reencontram-se amigos, uma pinga de vinho e um caldo verde para aquecer também o físico, que a alma já ferve. E, claro, todas as gargantas prontas para cantarolarem os “sapatos azules”, o “atirei o pau ao gato” e  à espera do grande momento quando todos em uníssono cantam: “Festejamos todo o ano até à Santa Luzia”.

É isso, por uma noite o Mingas é o Rei de Freamunde. Só não reinava quando parava de cantar para descansar um pouco, e aí, era a vez do saudoso “Taquinho”, que nos deixou neste ano, entrar em palco e cantar o grande sucesso do Vitor Espadinha e seu hino preferido: “Sim, eu sei, que tudo são recordações…”

Em 2021, criaremos mais momentos para recordações, porque “Freamunde é bonito” e a “mais linda história de amor que um dia nos aconteceu. E recordar é viver!

Texto: Pedro Ribeiro