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casa das artes
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Citânia – espero pelo vosso carinho

Sanfins e Eiriz – Ver para gostar da nossa terra que cresceu nas margens do rio Ferreira – uma oportunidade de desenvolvimento turístico à espera de dedicação política – e visitar a citânia de Sanfins. Um itinerário que nos faz atravessar o concelho e uma oportunidade de (re)ver  a terra que habitamos depois de um tempo em que tanto falamos dela (agora que terminamos a campanha eleitoral).

Sem paixões mas com o deslumbramento pela terra que nos é dado calcorrear para viver e conhecer e aqui respirar a vida com os amigos e conhecidos – ainda um oásis à beira mar plantado. Da citânia vemos o mar, num olhar abarcamos o concelho,  e também o vale do Ave e o monte de Briteiros. Acreditamos que comunicavam por fumo (a internet da altura) numa necessidade de comunicação que se mantém nos nosso dias.

Em meia hora de visita cruzámo-nos com sete turistas – entre os trinta e os cinquenta anos: procuravam ver e perceber que ali houve gente, tomou posse da coisa e descobrimos o prazer de saber que, muito antes de nós, ali viveram cerca de três mil pessoas. Vimos de longe, ainda bem.

Ao chegar a Sanfins encontramos obras na estrada, junto à igreja, que nos meteram para um desvio que nos fez perguntar pelo melhor caminho para subirmos o monte. Não gostamos de GPS e ainda bem. Pergunta simples a uma pessoa que desconhecíamos e resposta rápida e fácil – “vá por ali, espere lá, eu moro ali acima”…. ao que reagi abrindo a porta e convidando a pessoa a entrar que logo se prontificou a ir connosco:

  • Obrigado, somos da rádio Freamunde e queremos visitar a citânia, queremos ver as coisas bonitas da nossa terra,
  • Ai é, olhe, daqui a bocadinho vou para lá levar o meu neto que tem treino às 18h30 nos sub 13.
  • Está ver como é tudo perto?
  • Claro, somos uma terra pequena e muita bonita.

Subimos à Citânia com o senhor Francisco Brito que nos surpreendeu com o seu passado de “25 anos ali a trabalhar, até que me reformei” “mas depois de ver isto não se esqueça de ir ao centro interpretativo” para perceber melhor- acrescentou.

A história da nossa terra tem cinco fases importantes: a citânia e o que representou na altura; o mosteiro de Ferreira; a implantação do concelho; a economia rural que promoveu a emigração; e a industrialização na transformação da madeira. Todos encontramos sinais disso nas nossas famílias. É por isso que caminhamos agora nas nossas memórias para percebermos a gente que somos.

Do trabalho para as artes, da transformação da terra para a indústria de ponta, marcamos a nossa presença em muitas partes do mundo, fruto da iniciativa individual de quem aprendeu que o ritmo do sol nos faz andar para perceber  a velocidade das coisas.

Talvez desvalorizemos a nossa memória e o gosto de preservar os sinais dela. A citânia é sinal disso: uma oportunidade turística de excelência dada a sua importância patrimonial e histórica, fulcral para um roteiro turístico, sobretudo agora que a cidade do Porto atrai visitantes de todo o mundo. A 25 minutos de distância do aeroporto, temos esta pérola à espera de surpreender quem nos visite.

Diz-nos a Wikipedia que a citânia localiza-se quase na sua totalidade na freguesia de Sanfins de Ferreira e a parte sudoeste na freguesia de Eiriz, ambas no concelho de Paços de Ferreira. Está classificada pelo IPPAR como monumento nacional (Dec. Nº 35817, DG, 187, 1ª SÉRIE, 20 de agosto de 1946[1].

É uma das mais importantes zonas arqueológicas da civilização castreja na Península Ibérica. Surgiu por volta do século I a.C. e ocupa uma área de cerca de 15 hectares, numa colina integrada numa zona de montanhas de afloramentos graníticos, num local estratégico entre a região do Douro e do Minho.

Há vestígios da ocupação do local da Citânia, desde o século V antes de Cristo, embora a grande cidade tenha sido a do tempo dos Calaicos, criada entre os séculos II e I a.C.

Nessa época, estima-se que tenham lá vivido três mil pessoas, uma população que vivia essencialmente de trabalhar o ferro, com grande vocação guerreira, ficando outras actividades económicas, como a agricultura, a cargo de outros castros dos arredores, dela dependentes.

Era a cidade-sede de uma região mais vasta, que abrangia as actuais Valongo, Maia e Penafiel, e onde estava o poder político e militar. Os Romanos acabariam por lá chegar, poucos anos antes do nascimento de Cristo, mas com dificuldade.

Os primeiros estudos desta Citânia devem-se aos historiadores Francisco Martins Sarmento e a Leite de Vasconcelos. As escavações iniciaram-se em 1944 e prolongaram-se por mais de cinquenta anos.


Ufa! Tudo isto? Tão Grande? Pois é (era). Agora a citânia espera (e merece) a nossa atenção e que ali levemos os nossos descendentes, tentando explicar-lhes que ali existiu uma cidade, onde não havia internet, televisão, escola e outra coisa como comida pronta a comer, ar condicionado e outras opções do nosso conforto!  E também lhes poderemos explicar que os ovos continuam a sair do cu da galinha e não são fabricados no “Continente”. E sim, na Citânia havia galos e galinhas.

Visite também o Centro Interpretativo da Citânia de Sanfins:

Rua da Citânia, 144, Sanfins de Ferreira, Paços de Ferreira

 41,324722, -8,385556

 +351 255 963 643