Os resultados eleitorais destas autárquicas confirmaram a realidade política do concelho, tendo-se mantido a maioria absoluta vigente e a oposição existente. O mesmo aconteceu nas freguesias, onde o aparecimento de novos valores não provocou nenhuma alteração substancial. Tudo na mesma, apesar de retoques nos mandatos, confirmando-se que a maioria dos eleitores não pretendia mudança nenhuma e confirmando a atitude de quem exerce o poder.
Vai ser assim daqui a 4 anos?
O fim de ciclo autárquico de Humberto Brito alimenta a esperança do PSD em retomar o poder. Alexandre Costa partiu para estas eleições conhecedor da dificuldade extrema que tinha pela frente, dada a notoriedade pública do actual presidente e também a dificuldade em constituir uma equipa capaz de ser alternativa.
Nos próximos 1500 dias (e noites…) vão as forças políticas dirimir dúvidas e decidir apostas. O PSD precisa de evitar noites de “facas longas” e motivar os seus militantes para uma nova era, provavelmente mais facilitada nas próximas eleições. Aliás, dando seguimento ao pensamento de Rui Rio que referiu serem as futuras autárquicas mais acessíveis aos sociais-democratas, dada a impossibilidade eleitoral dos “dinossauros” socialistas.
A dúvida laranja está aqui: aproveitar o caminho feito, ou começar de novo realinhando interesses agora que o poder está à janela? Veremos se o slogan “Nova Atitude” refere a necessidade de deixar cair as personalidades do passado do partido ou partir mesmo para uma disputa capaz de agregar mais militantes (os actuais são poucos) e mais novos.
Ao disputar o poder com Humberto Brito – acossado com o incómodo da divisão interna na concelhia do PS – o PSD recuperou eleitorado, se comparado com últimas autárquicas, mas ficou aquém das expectativas. Centrou na figura do presidente da edilidade o discurso do desgaste e não funcionou. Perdeu a oportunidade assim de apresentar aos eleitores um plano de desenvolvimento para o concelho. Talvez o apresente nesta nova jornada que vem aí.
A leitura nacional dos resultados das autárquicas aponta para o início de uma “onda laranja” que pode favorecer o crescimento do partido no concelho. Assim como o prejudicou com a debacle da derrota das políticas da Troika. O sentimento geral da população, em cada época, motiva a decisão dos eleitores.
Interessante será a movimentação no PS que, aliás, começou mesmo sem se conhecer o resultado destas eleições. De há muito que se gastam “noites de selecção”. agora mais esclarecidas por serem conhecidos os resultados. Quase surpreendente o comportamento na campanha da concelhia que entendeu lembrar publicamente que todos os resultados implicam “consequências”. Este “afiar das facas” é sempre estridente mas tem pouco efeito (“agarra-me senão eu bato”).
Lembramos aqui, em momento oportuno, que a verdadeira disputa no PS era para o segundo lugar da lista e que o presidente não abdicaria do seu vice-presidente. Para análise futura, importa agora ver como Humberto Brito estará motivado para “defender os interesses do PS” e preparar a sua sucessão. O “busílis” está aqui. Vai preparar o PS para uma nova maioria depois de 2025, ou tratar apenas de executar um mandato que mais não é que uma oportunidade para ganhar peso político além fronteiras?
O compromisso que assumiu para o concelho só é exequível num horizonte superior aos próximos quatro anos. Difícil portanto é de admitir que o actual presidente se desinteresse pelas próprias metas que desenhou: integração do concelho na área metropolitana do Porto, desenvolvimento da linha férrea no concelho e promoção de um concelho urbano.