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casa das artes
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Feira do Cô – Experiências de humanidade

PENAMAIOR – De acordo com o ritmo do sol, duas vezes por mês, o largo do Cô recebe os seus fregueses na sua feira milenária, ali atraindo gente de todas as condições – foi sempre assim, diz quem ali vai, e continua a ser com os fornecedores do costume, cumprindo rituais familiares para clientes tratados pelo nome próprio.

É esta a importância de uma feira. Renovam-se os contactos, compra-se o que é preciso, na base da confiança construída no tempo e onde o baixo preço se supõe no momento da compra.

Mas também é espaço para conversas de reencontros, para saber as últimas novidades; saber as coisas que as redes sociais esquecem, mas que de facto interessam – “como está a família?”, “já está melhor” ou mesmo aquela pergunta esperada de “como vai?”, e que nos permite entrar na avalanche de confidências que aliviando-nos a memória, nos fazem alegrar os olhos e equilibrar o que tantas vezes só dizemos a nós próprios. É por isso que aqui também encontra flores, vendidas com o testemunho de clientes.

E tomar café na feira? Já experimentou? Também se pode; a Dona Emília está lá com a filha (esta de 41 anos que ali vai desde que nasceu, e continua a experiência da família também nas feiras de Freamunde e Penafiel) e serviu-nos um café (por 70 cêntimos – 140 paus, Dona Emília?).

Soube-nos bem porque permitiu saber que é de Freamunde e assim ganha a vida com os seus nas feiras que faz. Afinal somos todos vizinhos e comprando uns ao outros aquecemos aquilo que agora se chama a “economia local”. Como diziam os nossos antigos “temos de ser uns prós outros” (eu gosto do “prós”).

Para os adeptos mais frugais, também há fruta. E que fruta! A nossa vizinha “Maria José” também está lá e diz-nos que de manhã há mais gente e que o Cô é uma grande feira que sempre faz.

O senhor João Nunes, neste reencontro de todos os dias, ali estava para terminar mais uma jornada. Aproveitamos para trocar novidades; ele deu-me notícias da banda de Freamunde e perguntou-me porque será que na nossa terra a feira está sempre a mudar de sítio?

Como ainda não sei responder-lhe prometo que vou perguntar ao Arménio, nosso presidente, e que na próxima feira de Freamunde por lá passarei para perceber o que se passa.

A nossa terra é muito bonita e espera que olhemos para ela para cheirar o seu perfume. Por isso gostamos de ter ido hoje a Penamaior.