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casa das artes
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O capão não vota nem tem partido

O esforço dos freamundenses ao longo da história em promoverem e manterem as suas tradições, manifestou-se mais uma vez, com a feira de Santa Luzia e outros acontecimentos conexos, como semana gastronómica, eleição do melhor capão – tudo expressões da dinâmica comercial inerente à criatividade desta terra. Uma tradição anterior à criação do actual concelho, enraizada em terras conexas onde encontramos criadores desta nossa delícia de Natal.

Após muito investimento chegou-se a uma etapa fundamental garantida com a denominação de marca “indicação geográfica protegida”. Quer isto dizer que Freamunde dá ao concelho um activo comercial que beneficia os criadores alargando a possibilidade de expandirem o seu negócio, com melhores preços e garantia de qualidade de um produto “made in”.

Falamos assim de uma marca comercial que deve ser protegida e promovida claramente e sem equívocos. Verifica-se, contudo e ainda, uma confusão institucional nos actos de comunicação e promoção do evento que sublinham (e por isso confundem) esta marca “Capão à Freamunde” com o nome de Paços de Ferreira.

Deixamos assim aqui um exemplo da notícia do Porto Canal, entretanto difundida no facebook pela Junta de Freguesia de Freamunde.

Ninguém duvida que Freamunde fica desde 1836 no concelho de Paços de Ferreira, como todos sabemos também pertence ao distrito do Porto, integra o território de Portugal, sendo uma cidade europeia. Mas aqui é Freamunde. Quer isto dizer que o fundamento da marca e a sua designação é feito a partir do radical “Freamunde” sem o qual toda a comunicação deixa de fazer sentido.

Felizmente temos outra grande marca comercial no concelho – a Capital do Móvel, aqui baseada no radical “Paços de Ferreira”. E disso todos temos tirado proveito. E neste particular, não se conhecem confusões de branding.

As marcas comerciais ganham sempre força quando são simples, lineares e não se prestam a confusões, de modo que o consumidor a assuma no acto da decisão de comprar. Portanto, “Capão à Freamunde”, em Freamunde. E ponto!

O esforço necessário

A mistura de referências geográficas, neste caso, percebe-se dado o financiamento da campanha ser suportado pela Câmara Municipal e pelo facto de as organizações que promovem este evento não terem capacidade para pagarem os custos da campanha de comunicação. Esta comparticipação contudo faz parte das funções da edilidade, não se percebendo porque amarra a marca ao nome do concelho, desvalorizando, porque confundindo, o valor intrínseco do radical “Freamunde”. Aliás, a marca porque inconfundível, tem dimensão nacional, tem vida própria e dinamismo suficiente para se manter com ou sem subsídios da edilidade.

Em Freamunde, ao longo dos últimos anos, o apoio da edilidade tem sido visto como bálsamo para este evento, descomprometendo-se as pessoas de apoiarem as organizações que são a alma do capão. Apesar disso uma vénia muito grande para a Associação dos Criadores de Capão que tem estado na linha da frente na promoção desta actividade, ao mesmo tempo que assistimos à agonia inesperada da Confraria do Capão, com discretíssimos sinais de existência.

Lembremos – até para percebermos a nossa força – as celebrações dos 300 anos do capão que transformou Freamunde num centro popular e festivo à volta das suas tradições. Um evento que tem de ser repetido, em Freamunde evidentemente, até porque só nós sabemos promover e realizar um evento cultural desta dimensão. Que o Covid nos deixe repetir esta manifestação popular em Setembro de 2022.

As confusões políticas

Desnecessárias e prejudiciais à marca “Capão à Freamunde” são as leituras políticas que se fazem à volta dos eventos públicos na celebração da data. A nobreza do capão, momento alto do comércio local, merece a colaboração de todos sem excepção. O jantar de gala onde se escolheu o restaurante do “melhor capão” do ano foi contudo organizado de modo que provocou polémica partidária a propósito de quem foi ou não foi convidado.

Também aqui precisa de ser sublinhado que Freamunde é nobre na arte de receber e não pode ser enredado em eventos que excluem quem quer que seja, nomeadamente representantes de organizações públicas. O comunicado que recebemos do PSD dá nota disso e é um mau exemplo que certamente não será repetido.

Comunicado do PSD:

“Capão com recheio Socialista

O Jantar de Gala da Semana Gastronómica do Capão à Freamunde é um evento que pretende promover a marca gastronómica do nosso concelho, bem como dar visibilidade ao concelho e ao seu potencial cultural e económico.

Este ano a maioria socialista na Câmara Municipal não esteve à altura de tão distinta marca gastronómica ao convidar para o Jantar de Gala apenas os eleitos do Partido Socialista, quer na Câmara Municipal quer nas Juntas de Freguesia, excluindo deliberadamente do evento os eleitos pelo PSD.

Esta atitude, inqualificável, vem demonstrar que a maioria socialista perdeu a validade e não consegue olhar para o concelho além do Partido Socialista e dos seus eleitos, demonstrando de forma clara que só querem governar para si próprios.

Não é aceitável que a maioria socialista na Câmara Municipal utilize o dinheiro público, de todos nós, para satisfazer o punhado de socialistas eleitos nas últimas eleições autárquicas.

O PSD repudia este comportamento, que divide e discrimina os cidadãos do nosso concelho em função das suas opões políticas.

A Comissão Política do PSD, Paços de Ferreira, 16de dezembro de 2021.

Comunicado da Autarquia

As últimas declarações do vereador do PSD, Alexandre Costa, sobre o Jantar de Gala da Semana Gastronómica do Capão à Freamunde, além de mentirosas, consubstanciam a prática de um crime de difamação que exige a imediata retratação pública, sob pena de o mesmo ter de provar o que disse junto do Ministério Público.

Nunca, nas já quase três décadas deste concurso gastronómico, o nome de Freamunde e do Capão foram utilizados para tão miserável campanha, que deveria cobrir de vergonha o vereador Alexandre Costa, que ofende as dezenas de cidadãos que, no passado dia 12 de dezembro, pagaram do seu bolso o lugar para estarem presentes no aludido jantar de Gala, coisa que o referido vereador podia ter feito e não fez.

Atendendo à atual situação pandémica, a Câmara Municipal não efetuou, no presente ano, qualquer convite oficial, podendo desde logo destacar que tão pouco foi convidado o Presidente da Assembleia Municipal (eleito pelo PS).

Mas o mais grave de todo este triste episódio de comunicados atrás de comunicados, é o PSD e o seu vereador Alexandre Costa não perceberem que estão a manchar o nome de um dos nossos maiores ex-libris, o Capão à Freamunde, e a imagem do nosso concelho.

Câmara Municipal de Paços de Ferreira, 16 de dezembro de 2021