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À ESPERA
casa das artes
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Sesta interrompida

Numa sesta monumental, dormitava eu voando aos sons de Bach e o telefone quebra o ritmo da melodia. A vida é assim, e temos de estar preparados para acolher as informações que nos chegam, tantas vezes de vozes amigas, não imaginado elas se interrompem outras melodias. Foi ontem. Para me darem notícia de um almoço secreto tornado público para tratar de assuntos do Politburo da Rotunda.

De facto a coisa rola, e por isso os convivas avaliaram a “situação política” agora que o prazo dos mil dias conhece etapas próximas a necessitar de cautelas e alinhamentos, apesar de neste momento não ser previsível grande alvoroço: a próxima direcção concelhia do PS está pré-alinhada e ficará dotada dos necessários mecanismos para estruturar uma “resposta forte” a eventuais realinhamentos que possam acontecer, daqui a dois anos.

Uma vez que do PSD desejam que se mantenha como está, há que garantir que a “unidade das tropas socialistas” se defina de modo a acautelar a visão urbana que anima o Politburo, evitando a trapalhada futura de ter de recorrer mais uma vez ao Porto em sessões de esclarecimento junto da distrital, onde, aliás, os convivas têm reconhecido histórico de presença e argumentação.

Garantido o alinhamento à volta do “denominador comum” em quase todas as vereações concelhias, importa, agora, desenhar o perfil de algumas figuras “públicas” que nos locais “certos” (jornais e redes sociais) deem corpo e voz às aspirações “fundamentadas” do Politburo da Rotunda que animarão assim o discurso político para as próximas etapas do desenvolvimento “integrado” do concelho, no respeito (reverencial) dos interesses estabelecidos – dado que a paz “social” dos intervenientes constitui causa Maior.

No gáudio deste “consenso democrático” e garantindo a “democracia de sucesso” que em terras de Ferreira continua a “ser evidente”, o alinhamento da escrita e o controlo da interpretação da coisa pública(da) seria o perfume perfeito, alimentado pelo ouro público, disponível para benzer os arautos disponíveis para este exercício “cívico” de defender a causa “pública”.

E demos graças a Deus, pela disponibilidade dos arautos que não faltarão à chamada, certamente!- Assim define o Politburo.

Mas a coisa mexe e até as sestas são interrompidas. Ao marchar em “unidade” para vitórias “futuras” pretende o Politburo que o PS obedeça ao alinhamento definido numa observação atenta à sua linha paralela, o PSD que no concelho insiste em existir e provavelmente disponível “para estudar” de modo a poder participar e quiçá interrogar a sabedoria do poder.

Mas ao mudar de pastor, será que o “rebanho” socialista agregará todas as ovelhas, ou ficarão algumas tresmalhadas e teimosas “estudando” alternativas no caminho que a democracia dá a todos, apesar do amuo de vontades do Politburo?

A peregrinação é longa, até 2025, e a sesta é curta. Por ter chegado o tempo de acordar. E trabalhar, com a perfume da liberdade, o sono dos justos e o apoio dos pobres que nunca fogem por acreditar que a luz da liberdade os ilumina melhor nos caminhos que têm de percorrer.

Por Arnaldo Meireles – Director  Informação Rádio Freamunde