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casa das artes
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Capacidade pensante, na reinvenção dos dias

A capacidade pensante é o elemento fulcral do ser racional, que mais do que definição, é conceito de tão
cheio a nível conteudístico, é difícil encontrar-lhe o seu término.
Ser racional, não é apenas uma definição de carácter nominal que separa o Homem face aos demais
animais.
É a capacidade de nos reinventarmos todos os dias, porque a certeza que existe na vida, é a incerteza que
a esta está inerente.
Nascemos com somos inacabados por natureza, se bem que, esta característica não deve ser vista em
pranto, como uma fatalidade, mas bem pelo contrário como um elixir estimulante a que cada um, num ato
individual se consiga superar a si próprio, e através da sua superação, sendo também um ser
iminentemente social, consiga melhorar o mundo do qual é parte integrante enquanto produto e produtor
do mesmo.
Lembrando o título do livro, de um filósofo brasileiro da atualidade, Mário Sérgio Cortella, «não
nascemos prontos», ainda bem, penso eu.
O que seria se já nascêssemos prontos? Qual a finalidade da nossa existência no mundo?
A capacidade pensante ajuda a dar resposta a tão pertinentes questões. Assim, a nossa finalidade é a
autoconstrução, de modo a conseguirmos entrar numa caminhada ascendente, de modo a que consigamos
ter uma visão mais aberta do mundo em que vivemos.
Ter uma visão mais alargada e por vezes convém até mesmo mais ousada, não no sentido do carpe diem,
que por muitos é levada ao extremo, mas sim, num sentido previsor, com juízo de prognose, de modo a
que o futuro não se apresente como uma surpresa total e absoluta numa tonalidade densa de tão negra.
Cabe ao Homem enquanto ser inacabado e por isso carenciado, dar asas ao sentido autoconstrutor, fazer
uma junção equilibrada, diria mesmo com objetivo de alcançar a tão desejada perfeição, com a parte
sentimental, a qual, nos ajuda a sermos mais humanos e não máquinas programadas para a execução de
múltiplas tarefas, que o exigente mundo nos encarrega de sermos bons executantes.
Assim, sejamos conscienciosos e tenhamos noção, que para uma sadia capacidade pensante, temos de
lidar com sensibilidade a sinestesia sempre presente no bailado constante entre a razão e a emoção.

Augusto Filipe Gonçalves