A inauguração da capela mortuária na nova igreja do Divino Salvador foi uma excelente notícia apesar de ter chegado à cidade com muitos anos de atraso se verificarmos o que acontece noutras freguesias do concelho. Como sabemos, em questões estruturais “Freamunde pode esperar”.
Este avanço civilizacional constitui um marco importante na qualidade dos serviços fúnebres em tempo de despedida e garante a dignidade merecida a quem experimentou o nosso sol e se deixou iluminar pelo nosso céu azul.
A decisão de taxar o serviço fúnebre em 75 euros por dia, conhecida por nós, ficou na fase de análise por não querermos acreditar, por um lado, e por achar que mais cedo ou mais tarde essa decisão seria revertida. mas ainda não foi e sobre isso escreveu Manuel Pacheco a quem tiramos o chapéu por se ter adiantado à Rádio Freamunde que entendia tratar deste assunto exactamente no dia 2, o dia de fiéis defuntos.
Mas aqui fica o registo e o texto do nosso amigo:
Hoje fiquei perplexo:
Passo a explicar. Estava – como sempre faço – a tomar o meu café da manhã num Café de Freamunde, e depois de ler que o óbito de um Freamundense estava depositado na Capela do Cemitério nº. 2 de Freamunde para o seu funeral.
Há dias também vi que ali – Capela do Cemitério nº. 2 – esteve outro óbito. Sempre levei que se dava o caso de pertencer a outras religiões não cristãs.
Ao perguntar ao dono do Café se não era esse o motivo foi-me dito que não. O motivo era sim que quem quisesse utilizar as instalações da Casa Mortuária – inaugurada há dias – tinha de pagar 75 euros diários.
Fiquei perplexo
Então agora no Freamunde democrático há Capela do Cemitério para os pobres e Casa Mortuária para os mais abastados!?
No findar da nossa vida há separações e segregações!?
Já não bastou noutra era haver Café dos ricos, ou seja, só ali entrava quem fosse bem vestido e com gravata e outro, Café dos pobres, onde podia entrar a camada da população mais necessitada e pobre que era o caso da maioria dos Freamundenses! Mas isso era em Estabelecimentos Comerciais privados! Agora num Bem que devia ser pertença de todos os Freamundenses!
Pelos vistos não. Que triste fim de vida para quem é necessitado e pobre.
Estou a caminhar a passos largos para o meu findar. Mas vou solicitar aos meus filhos que quando morrer não paguem 75 euros diários para ser depositado na Casa Mortuária de Freamunde. Prefiro a Capela do Cemitério nº. 2 que aliás está situada próximo do lugar onde vivi vinte e um anos.
Sei que é num lugar extremo de Freamunde. Vai dar complicações e transtornos aos meus familiares e amigos.
Mas quero ter umas exéquias como tive o nascimento: pobre.
Manuel Pacheco