Caros Freamundenses,
Uma saudação amiga daqui onde me encontro, depois das férias que optei por gozar na sequência de Alcácer Quibir. Por razões de segurança (ainda) não posso dizer-vos onde me encontro, mas quero dizer-vos que estou bem, e muito contente por saber que festesjastes mais uma vez as Sebastianas – coisa que me alegra e motiva a minha esperança no meu Portugal ainda envolto em tamanho nevoeiro que impede a luz libertadora do nosso povo.
Cá recebo as notícias de Freamunde. Lamento o que vos aconteceu em 1836, mas sei o que vós sabeis: não há nevoeiro que não acabe e sol que não apareça. Confiança e coragem, pois, para o futuro!
Quanto ao que vos está a acontecer – mas o que é que está a acontecer? – noto que a Comissão de Festas da Câmara Municipal vos tem entretido com os “foguetes” das obras feitas, garantindo que tudo fique na mesma. Precisais pois de analisar as razões de tanta festa e pouca obra apesar de muito anunciada e festejada pelos republicanos do poder.
Em julho de 2021 recebi aqui um telegrama que explicava por que motivo os republicanos-socialistas iriam ganhar as eleições. E assim foi: prometeram-vos o Centro Cultural; Edifício da Junta; Quartel da GNR; piso sintético no SCFreamunde; pista de atletismo no estádio do SCFreamunde; pista pedonal de Freamunde até à sede administrativa; entre outras “declarações de amor” baseadas na “certeza” de que “Freamunde não pode parar” na “mudança necessária”.
Coço os meus pouco cabelos a perguntar “se nenhuma obra arrancou” será que a “mudança não pode parar” quer dizer “ficar tudo na mesma” e por isso nada fazer?
Estais quase a celebrar mais um ano da “maioria socialista” que vos quer ensinar a “fazer” a Bienal do Capão. Peço-vos paciência com os homens do poder. Podeis ser obrigados a fazer-lhes vénias, mas fazei-o em silêncio, para garantir o vil metal a eles (por vós) entregue. E tentai explicar-lhes que representais uma população que criou – desde o meu tempo! – a cultura das aves e que desde aí o vosso povo sempre ensinou outras gentes a tratar e a comer dessa grandiosa carne.
É claro que eles não querem aprender nem ouvir o que tendes para dizer. Mas deveis insistir. O vosso horizonte ultrapassa os calendários destes funcionários do poder que precisam de gerir os orçamentos das festas para distribuir as migalhas por quem lhes dá perfume.
O vosso Rei que se verga para vos cumprimentar,
Dom Sebastião, (ainda) no exílio
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