Não nos sai da cabeça, daqueles de nós que ali respiraram a frescura no verão, ali comeram caldo verde nas noites das sebastianas, bateram baralhos e baralhos e se reuniam perante o esplendor da palmeira que tantas histórias nos brindou. Não sai nem vai sair. Contudo desapareceu por opinião quase unânime, perante a proposta de dar uma imagem à vontade de quem queria desenhar a “cidade” de Freamunde, que “precisava” de novas avenidas, “modernas” para cumprir as ordens do “progresso”.
Na altura vivíamos em Portugal a “democracia de sucesso” e por todo o país se rasgavam novas autoestradas e se iniciou a descoberta de uma nova aventura chamada “rotunda”. Também nessa altura chegaram os primeiros semáforos ali na fronteira com Ferreira – um progresso.
A decisão política – dos freamundenses e da Câmara da altura – produziu uma nova imagem, entretanto agora em substituição, e que jamais voltará a ser vivida, como outrora, pelos sucessores de quem isso decidiu. O verdadeiro e original e também primeiro “centro urbano do concelho de Paços de Ferreira” foi apagado, ao mesmo tempo que houve o cuidado de manter e preservar o jardim romântico da sede administrativa da nossa terra.
Ainda bem para nós que, querendo experimentar a beleza de um centro tradicional e de época arquitectónica, ainda podemos ali deslocar-nos para experimentarmos as sombras que perdemos, os perfumes que aqui não encontramos. Ao destruirmos a praça antiga, abrimos o caminho para convidar os freamundenses a visitarem Paços e a tomar um café no Amândio (o original também já não existe).
Em Freamunde não temos Muro das Lamentações. Pelo que importa olhar para o património – cultural. ambiental e paisagístico – perdido e percebermos como reagir a esta tragédia. E talvez o melhor caminho seja evitar que esta questão seja debatida na narrativa política, muito menos partidária, pois foi nesse universo de opinião que se gerou – quase unanimemente – a decisão que hoje lamentamos.
Como referiu Teodoro Faria numa publicação sua no facebook: “Onde estavam os freamundenses (da treta) fundadores do actual grupo “a praça de volta a Freamunde ” há 30 anos atrás, quando esta mesma praça foi demolida?