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Padre Lobo: dos vinte irmãos à evangelização no Brasil

Faleceu nesta quinta-feira, 19 de novembro, o Padre Antonio Ribeiro Lobo, do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt. Quase 60 anos de vida sacerdotal e desses perto de 50 anos no Brasil, em diversas atividades apostólicas. O seu funeral foi na sexta-feira, dia 20, junto ao Santuário Sião do Jaraguá, em São Paulo. A missa de corpo presente foi transmitida pelo Facebook.

 

No site português da congregação Schoenstatt o Padre António Ruivo questiona quem é o Padre António, dizendo que seria necessário escrever um livro e talvez não chegasse. Viveu em Carvalhosa, Paços de Ferreira,  com os seus pais, Claudino Ribeiro da Costa e Maria da Silva Lobo, e mais vinte irmãos, vindo a ter ainda uma irmã adoptada, a “Maria Pequena”, como os irmãos lhe chamavam.

Um encontro fortuito junto a uma bica de água com a Venerável D. Sílvia Cardoso acabou por ditar o seu futuro quando lhe perguntou se queria ser Padre. António responde que gostava, mas que não tinha dinheiro para estudar. D. Sílvia Cardoso pede-lhe que chame a sua mãe. Após a morte de D. Sílvia Cardoso, a família Lencastre continuou a pagar-lhe os estudos. E assim foi possível ser ordenado Padre. Antonio Lobo ingressou então na Comunidade dos Padres Palotinos, a SAC; estudou em Portugal e na Suíça. Doutorou-se em Filosofia, Psicologia e Línguas Ibéricas pela Universidade de Coimbra. Foi o primeiro português a selar a Aliança de Amor no dia 22 de Agosto de 1959

No dia 21 de dezembro de 1960, foi ordenado sacerdote em Friburgo, na Suíça. Chegou a Lisboa para atuar apostolicamente no ano 1962 e ao Brasil, em 1970.  O encontro e a convivência com os seminaristas palotinos chilenos na Suíça foram determinantes na sua caminhada de vida e no encontro com a espiritualidade de Schoenstatt. Ao ser fundado o Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt, ele decide ingressar na então “Nova Comunidade”, saindo assim dos Palotinos.
Foi membro do Curso “Sicut Pastor” (Como o Pastor), formado por brasileiros e ele, português. A missão do Curso era: salvar a herança do Pai e Fundador, o Padre. José Kentenich, em Portugal e no Brasil, cultivando antes de tudo a bondade e a compreensão mútua, buscando encarnar a imagem do Bom Pastor. Além de pároco foi também  professor em Colégios, Universidades e Seminário; foi Capelão da equipa de Futebol paulista Palmeiras, colaborou na pastoral do Santuário Sião do Jaraguá – São Paulo e também foi assessor dos Ramos femininos do Movimento Apostólico de Schoenstatt em Caieiras. Pertenceu à Central Nacional de Assessores do Movimento no Regional Sudeste nas décadas de 1980 e 1990.
Viveu durante muitos anos em Londrina que considerou o lugar mais maravilhoso que encontrou e onde foi confessor no Santuário de Schoenstatt, na Catedral da cidade e em outros lugares durante muito tempo. Com leigos, fundou a “Casa de Maria – um Centro de apoio e recuperação a dependentes do álcool e da droga, acolhimento de crianças abandonadas pelos seus pais. Considerou este o seu trabalho mais marcante, tendo dedicado durante vários anos a essa casa como dirigente, capelão e diretor espiritual.
A ligação a Freamunde
A sua ligação a Freamunde deve-se ao seu pai Claudino Ribeiro da Costa, um ajudante de carpinteiro, músico da Banda de Freamunde, tal como os seus irmãos Belmiro, Joaquim e José. António Ribeiro Lobo considerava o seu pai o melhor músico da região, tendo o próprio também tocado clarinete, o instrumento do seu pai, na Banda de Freamunde. Perdemos um músico mas ganhamos um exemplar servo de Deus. Entre os seus irmãos, a Virgínia foi a única que veio parar à terra de seu pai, onde mora com os seus filhos e netos, bem como um dos filhos e neta do irmão Fernando. Os seus irmãos são também freamundenses de alma coração e adeptos do Sport Clube de Freamunde.
 
Como neto de José Ribeiro da Costa e filho da sua prima Maria José Ribeiro da Costa, sou primo de António Ribeiro Lobo, tendo apenas estado uma vez na sua presença. Quis Deus que ele estivesse em Portugal aquando do falecimento do meu querido avô. Sendo um dia imensamente triste, a presença luminosa do Padre António, a serenidade e maturidade das suas palavras, nas cerimónias fúnebres do seu tio, foram um forte bálsamo para toda a família, fizeram com que nunca mais deixasse de sentir orgulho em ser da família de este grande homem do bem e da bondade, com obra feita que fala por si.  Freamunde também deve sentir orgulho na sua caminhada e no seu exemplo.
Imensa gratidão. Até sempre, primo Padre António Ribeiro Lobo.
Texto Pedro Ribeiro