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PPIAE – Pessoas Positivamente Influenciadas Através De Auxiliares De Empatia

Eu sei, eu sei, o título é demasiado grande… Mas o tema é polémico e não podia, assim de chofre, fazer um título do género “Corrupção Passiva” ou em gíria “cunha”, “factor C”.

Assim, existem neste mundo de Nosso Senhor vários tipos de pessoas. Hoje vou discorrer sobre as pessoas que são positivamente influenciadas através de auxiliares de empatia (doravante referidas como PPIAE).

Este tipo de pessoas existe em várias áreas da sociedade:

  1. No cabeleireiro: Vejo muitas vezes no cabeleireiro as senhoras darem uma gratificação às várias meninas por quem os seus escalpes passaram. Metem “discretamente” uma pequena recompensa monetária à menina que não lhe queimou a cabeça com água a escaldar, à menina que não lhe pintou o cabelo à arco-íris, à menina que não lhe rapou o cabelo.
  2. No restaurante: pese embora pagues para comer, é prática generalizada dar uma gorjeta ao funcionário hoteleiro que nos serviu a refeição (não vá ele, noutra ocasião, tentar-nos envenenar…)
  3. Nos cuidados de saúde: bastante comum dar uma “gratificação” à menina do atendimento da clínica, no caso de precisarmos de uma vaga pró doutor nos receber sem vaga.
  4. Na administração pública: uma caixinha de bombons àquela menina que não fez mais do que a obrigação do que nos atender com atenção, empatia e simpatia.
  5. Na política: quando o senhor político que aceitou receber uma contrapartida para favorecer uma determinada empresa num concurso público que envolve milhões de euros de investimento.
  6. Ao senhor oficial de justiça que, a troco de uns míseros bilhetes de jogo de futebol e camisolas de clubes de futebol, entrega informações confidenciais.

Quanto às PPIAE, estas já não se deixam influenciar positivamente como antigamente!

Se antigamente vinham com a conversa de “olha vê aí no computador como está o processo da troca de correspondência por via eletrónica com a equipa cuja mascote é um ser mitológico, que eu te ofereço uns bilhetes para assistires ao jogo da equipa cuja mascote é uma ave de rapina!”, essas pessoas eram simplesmente ignoradas e desacreditadas!

“Com ‘assim, bilhetes para ver jogo da bola!?” “Querem que arrisque a minha reputação e cargo por uns míseros bilhetes?” “No mínimo, tens de me oferecer uma viagem!”

Antigamente não eram cá bilhetes para ver a bola e t-shirts, não senhor! As coisas eram feitas com classe: eram viagens TI para Cancun, eram carros topo de gama, eram jóias com formas de objetos alusivos ao futebol, eram sessões de fisioterapia nos melhores salões de beleza noturnos.

Agora? Agora nem sequer uma caneta Parker se oferece.

As PPIAE são agora pessoas com menos valores, já se deixam comprar por dá cá aquele bilhete. Não há brio na empatia em que se envolvem. Muito, também por culpa da crise em que nos encontrámos. Se antes havia dinheiro a rodos para se comprar auxiliares de empatia, hoje em dia o efeito da crise fez-se ressentir nesses incentivos.

Ou então, já se desce tão baixo que já se vende a alma por qualquer preço!

Para mim esta questão resolvia-se facilmente com a criação de um concurso de televisão.

Podia-se chamar “Fator C”.

Funcionaria à semelhança dos concursos Fator X e Portugal Got Talent (sendo que a palavra “talent” seria substituída por “gloves”):

Os candidatos teriam de demonstrar o seu talento na forma mais original de criar empatia. Caberia ao júri, composto por pessoas das mais diversas áreas de atividade, decidir qual o mais original e melhor na sua capacidade empática, escolher a pessoa com mais fator C de Portugal!

Aquele “je ne sais quoi” tão típico português, que vai nos torna pessoas super empáticas e passivas de empatia que faz com que o tal “jeitinho” seja tão natural como cultural.

Por Gabriela Torres