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3 anos 1 mês

A importância de Ferreira no desenvolvimento da nossa terra

A freguesia de Ferreira atesta um período fundamental na história cultural do Concelho de Paços de Ferreira, aquela em que os emigrantes povoadores vindos do Norte Asturiano e também da zona do Mondego, fugidos a Almançor, aqui encontraram terras férteis e relativamente livres onde refazer um habitat rural que por definitivo marcou o futuro da região.

O topónimo Ferreira é vagamente citada quando, em meados do séc. X, Mumadona fez doação ao Mosteiro de Guimarães de terás “in ferreira”, onde, referindo-se a Gondosindi (atual Raimonda) teria também uma “eclesia vucabulo sancto petro”, na Diocese de Braga. É de crer que já existia, também um S. Pedro em Ferreira, na Diocese do Porto. Poderá, no entanto, ser o Mosteiro da Vila de Ferreira, entregue posteriormente à Ordem dos Agostinhos e que nos dias de hoje faz parte da Rota do Românico. Posteriormente, parte pelo menos do que é hoje Ferreira, foi incorporada na mitra episcopal do Porto, para renda de cónegos (1195).

D. Manuel I concedeu carta constitutiva de foral a “Terra de Ferreira“, em 1514, sendo que este foral apenas refere territórios que então pertenciam à Diocese de Braga: Lustosa, Raimonda, Figueiró, Lamoso e Sanfins de Ferreira. Em 1258, e pelas “Inquirições”, Ferreira é dita terra de militares – entenda-se aqui o termo “militares” como querendo significar alguém da classe dos cavaleiros.

Ao Mosteiro de Ferreira pertenciam muitos bens, sendo de significativa importância a posse de S. Tiago de Modelos e de Santiago da Serra. Santiago de Modelos controlaria o acesso ao Mosteiro, para quem vinha do Porto, e Santiago da Serra controlaria o acesso a quem vinha de Penafiel. Tendo o Mosteiro de S. Pedro como ponto de encontro, será de incluir a hipótese deste Mosteiro se encontrar na rota dos Caminhos de Santiago, tanto mais que, seguindo por S. Domingos, passa a Santiago de Carvalhosa, Santiago de Figueiró, Santiago de Lustosa e se chega à ponte do Rio Vizela.

O mosteiro foi por certo extinto – categoria e não o edifício e, como pertença de cónegos, passou a denominar-se Colegiada. Parte ou partes das suas propriedades devem, entretanto, ter continuado na posse de gentes nobres da região – infanções e cavaleiros -, pois em 1302, uma tal D. Berengária Alves fez doação de uma importante fortuna ao bispado do Porto, na qual incluía “os seus casais, quintas, lugares e rendimentos”, que tinha no mosteiro.

A ligação definitiva à mitra do Porto foi confirmada “in perpetuum” por bula papal de 1475, incluindo Igreja, Mosteiro e Couto, com inerentes propriedades.

Em 1549, João de Barros, na sua “Geografia”, escreveu que “acima de Lordelo está o Mosteiro de Ferreira que há pouco se anexou e é casa e Mosteiro nobre, que tem raçoeiros e tem cada um trinta mil réis e valerá por tudo quinhentos mil réis”. O Couto de Ferreira é sempre identificado como isento de mordomo e autoridade régia nas documentações da inquirição. Dele se diz que foi estabelecido por padrões.

Compreendia não só a freguesia de S. Pedro com o seu mosteiro, assim como muitos casais espalhados por uma vasta área da Chã de Ferreira. S. Martinho de Frazão fazia a excepção, ao pertencer ao julgado de Refojos, enquanto quase todo o actual Concelho de Paços de Ferreira pertencia ao julgado de Aguiar de Sousa.

Na sua vasta zona de influência (que chegou a terras de Santa Maria da Feira, por via da Igreja de Válega), o mosteiro foi certamente responsável por algumas inovações tecnológicas e pelo incremento da produção agrícola. Difundiu instrumentos novos de ferro e o moinho hidráulico. Isto permitia desbravar cada vez mais terras e aproveitar com maior rendibilidade a mão-de-obra.

Nas terras englobadas, aumentou seguramente a produção agrícola e o comércio dos produtos para a grande cidade do Porto. Ora, é justamente num período de desafogo económico que se inicia a construção do templo actual. A construção foi rápida, é homogénea e, aparentemente, nada se poupou em técnicas, materiais e grandes mestres de renome.

Ferreira, em 1801,era uma freguesia e um concelho[1].

População da freguesia de Ferreira [2]
1864 1878 1890 1900 1911 1920 1930 1940 1950 1960 1970 1981 1991 2001 2011
835 1 026 879 904 1 085 1 044 1 103 1 319 1 492 1 828 2 517 3 076 3 712 4 085 4 341

 

Distribuição da População por Grupos Etários
Ano 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos 0-14 Anos 15-24 Anos 25-64 Anos > 65 Anos
2001 998 609 2 163 315 24,4% 14,9% 52,9% 7,7%
2011 836 657 2 418 430 19,3% 15,1% 55,7% 9,9%

Texto original em Wikipedia

(Nas próximas edições continuaremos aqui a escrever sobre a freguesia de Ferreira. A secção interfreguesias é dedicada a todas as freguesias do actual concelho de Paços de Ferreira.)