No voo de regresso da viagem a Chipre e Grécia, o Santo Padre, foi questionado pela jornalista Cecile Chambraud, do periódico Le Monde, a respeito da renúncia do arcebispo de Paris, Dom Michel Aupetit: “Quando chegamos na quinta-feira, soubemos que o senhor aceitou a renúncia do arcebispo de Aueptit de Paris. Porquê tanta pressa?”.
Surpreendente foi a resposta do Santo Padre. Antes de manifestar o que pensava, devolveu a pergunta à jornalista, apontando o seu microfone para que ela falasse: “Quanto ao caso Aupetit: eu me pergunto, mas o que ele fez de tão grave que teve que renunciar? Alguém me responda, o que ele fez?”
A jornalista, com o microfone apontado para si pelo próprio Papa, embaraçada, não sabia o que dizer, respondendo com incerteza: “Não o sabemos … problema do governo ou algo assim…”
Ante o embaraço da jornalista que não soube responder, Francisco prosseguiu: “E se não conhecemos a acusação não podemos condenar … Antes de responder eu diria: investiguem, hein, porque existe o perigo de dizer: foi condenado. Quem o condenou? A opinião pública, o mexerico… não sabemos … se vocês sabem o porquê digam, do contrário não posso responder.
E não sabem porque foi uma falta dele, uma falta contra o sexto mandamento, mas não total, de pequenos carinhos e massagens que fazia na secretária, essa é a acusação. Isso é um pecado, mas não é dos pecados mais graves, porque os pecados da carne não são os mais graves. Os mais graves são aqueles que têm mais angelicalidade: a soberba, o ódio.
Assim, Aupetit é um pecador, assim como eu – não sei se você se sente … talvez – como foi Pedro, o bispo sobre quem Jesus Cristo fundou a Igreja. Porque a comunidade daquele tempo havia aceitado um bispo pecador, e aquele era com pecados com tanta angelicalidade, como era negar Cristo! Porque era uma Igreja normal, era acostumada a sempre se sentir pecadora, todos, era uma igreja humilde.
Vemos que a nossa Igreja não está habituada a ter bispo pecador, fingimos dizer: o meu bispo é um santo … Não, este chapéu vermelho … somos todos pecadores. Mas quando o mexerico cresce, cresce, cresce tira a fama de uma pessoa, não, não poderá governar porque perdeu a fama, não pelo seu pecado, que é pecado – como o de Pedro, como o meu, como o teu – mas pelo mexerico das pessoas. Por isso aceitei a renúncia, não sobre o altar da verdade, mas sobre o altar da hipocrisia”.