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Festa de Dom Capão, el-rei de Freamunde

FESTA DE ANIVERSÁRIO DE D. CAPÃO – EL REI DE FREAMUNDE

Dos três dias fizemos um… um dia para celebrar os 300 anos, a nível oficial, da Feira dos Capões, através de uma licença para a realização de feiras concedida por provisão régia por D. João V à Confraria de Santo António.

Escritos apontam que a feira tem muitos mais anos. Um dia para comemorar… um dia para jamais esquecer. Freamunde vestiu “roupa nova” para celebrar com mais encanto. As varandas dos edifícios do centro da cidade foram engalanadas a preceito, assim como as tendinhas da feira, os palcos, tudo com motivos que nos transportavam para outras épocas do passado e com o Capão com uma imagem projectada para o futuro.

A iluminação, com gambiarras de pequenas lâmpadas coloridas, faziam-nos recuar a outros tempos festivos de outrora. Havia que receber os nobres visitantes com a devida vénia e distinção.

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Freamunde cumpriu o seu hino… terra de encantos, de beleza sem igual, tens tantos encantos, tantos… Freamunde cumpriu a sua triologia, “Terra de Cultura, Trabalho e Paz”. O povo do movimento associativo, que tanto nos caracteriza, deu as mãos e durante meses trabalhou para que esta celebração histórica ficasse para a história.

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Os capões, os reis da festa, não podiam faltar, apresentados como que numa vivenda de luxo construída em madeira, com fardos de palha, num ambiente de sol e calor que eles nunca conheceram na feira habitual, a 13 de Dezembro. Eles mereciam, afinal eram os aniversariantes.

Trouxeram também como “convidados” os animais das raças autóctones portuguesas, como os asininos dos burros de Miranda, bovinos, galináceos, ovinos, caprinos e suínos. Animais que as crianças de hoje já não têm a facilidade e possibilidade de ver, raças de animais de outras regiões que por cá os adultos só tinham ouvido falar. No domingo houve também a visita de cavaleiros da região. Antigamente era assim… os animais faziam parte das nossas feiras. Que bom foi recordar esses tempos.

A concessão do Foral foi representada pela Pedaços de Nós, numa criação e encenação de Juan Fernandez, que também preparou as crianças do Teatro Infanto-Juvenil Pedaços de Nós que declamaram quadras populares sobre o Capão antes do início dos concertos. Entre vários tipos de mercadores, houve ainda espaço para os jogos tradicionais, um carrossel tradicional que deliciou as crianças, que também puderam meter as mãos no barro e saber como trabalhava antigamente o oleiro de Cachopadre, da Cerâmica Freamundense, relembrar-mos os tamancos do último nosso tamanqueiro, o Américo Quintela, o “Croa” e a Latoaria do José Pacheco, o “Zeca Folhetas” e a talha do mobiliário. Uma festa sem música não é uma festa. A Orquestra Juvenil da Associação Musical de Freamunde, As Castanholas de Freamunde – Pedaços de Nós, Banda de Freamunde, a Tuna da Associação Musical de Freamunde, o Pedasons – grupo de percussão, a Charanga do Capão, foram os projetos musicais da terra que estiveram presentes. A sua música não tem notas diferentes, mas vem da alma da nossa gente, dos nossos músicos, chega-nos com outra vibração.

A Banda de Freamunde participou em directo no programa Terra-a-Terra da TSF, havendo também transmissões em directo do programa Olhó Baião, da SIC. Os Cavaquinhos de Modelos e os Cavaquinhos de Paços de Ferreira, as Concertinas dos Amigos de Vizela trouxeram um paladar “perfumado” de música popular à zona de “comes e bebes”. Beber uma pinguinha e comer uma buxa a bater o pézinho, tem outro paladar. Algumas associações da terra tiveram o seu espaço com oferta gastronómica, onde se podia comer Capão, onde podia saborear petiscos e recordar a já extinta Casa Viana, a Tasca do Viana. Foram também muitos os visitantes que cá vieram comer Capão à Freamunde aos nossos restaurante. A música de Daniel Cristo, da Chulada da Ponte Velha, dos Retimbrar, dos Palankalama, dos Galandum Galundaina, trouxe-nos a música tradicional portuguesa com uma “roupagem” mais contemporânea e inovadora, com lindos momentos de interação, folia e dança com todas as faixas etárias.

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O povo vibrou e queria sempre mais… só mais uma. Uma terra que gosta de teatro só podia ter ficado surpreendida e encantada com as atuações do teatro de rua, os T.R.E.T.A.S, com o seu teatro de sombras e marionetas trouxeram “O Gaiteiro e os lobos”, os Boca de Cão com “Agostinho e Felicidade”, marionetas humanas e também Alforria – A vida numa carroça. Os Red Cloud apresentaram o “Teatro Dom Roberto”, teatro popular de Fantoches e no último dia, os Kopinxas deliciaram-nos com o espetáculo circense “Circ’ ao Léu”. Afinal uma terra de cultura tem que puxar dos seus galões e demonstrar que o é de facto, não é apenas uma memória de outros. A presença de 8 ranchos folclóricos do concelho deram um colorido à noite de sábado, no desfile e no baile à moda antiga.

A Sociedade Columbófila de Freamunde também se associou à festa com a largada de 300 pombos, assim como o Vespa Clube de Freamunde e um grupo de apaixonados pelas antigas bicicletas pasteleiras de Lousada.

Celebrou-se a história numa festa em que todos os elementos se interligaram em harmonia, o ruído ficou em “casa”, não foi convidado, era possível estar nos concertos, nos espectáculos de rua, e poder conversar, matar as saudades com “duas de treta” com aquele amigo que não víamos há tanto tempo.

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Muitas vezes se ouviu dizer com um sorriso de orelha a orelha: – Isto está lindo!!!… O povo foi surpreendido, estava feliz, e queria que se soubesse, queria agradecer, queria expressar o seu estado de alma, de alma Freamundense.

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Pedro Ribeiro

(*) Fotos Ernesto Taipa