ESTAMOS
À ESPERA
casa das artes
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Cuidado: o Covid está cá e não avisa!

O susto do Covid remeteu-nos para casa, até ao desespero, e assustou-nos com as notícias que chegaram dos concelhos vizinhos e depois do nosso. Conselhos avisados das autoridades locais confirmaram a gravidade da situação sendo tomadas medidas de saúde pública ainda em vigor.

Mas todos desejávamos o regresso e por isso estivemos atentos aos primeiros sinais que nos permitissem o “regresso à normalidade”. As empresas estão aí para afirmar que isso ainda não aconteceu e vai demorar. Mas compreende-se o esforço para reanimar a economia e que tenha acontecido a tomada de decisão das pessoas de enfrentarem o perigo, sobretudo para poder trabalhar.

Outra coisa está a acontecer ao mais alto nível da política portuguesa. Desde o primeiro minuto foi evidente que as personalidades políticas do regime não estavam disponíveis para dar más notícias, e depois da trapalhada do que é preciso mas não é preciso, do que é urgente mas não é assim tão urgente, apareceram os desejos de manifestações políticas logo acolhidas pois  a “democracia não estava de quarentena”.

É certo que não há democracia sem povo, este fica em casa, mas a democracia que o serve permite concentrações “legítimas” para uns e evita para outros.

Mas deixemos as manifs e fiquemos nos espectáculos (também proibidos, mas só para alguns). O que sentiu cada um de nós quando viu pela TV o primeiro-ministro num dia e o presidente da República no seguinte a participarem num evento de duas mil pessoas no Campo Pequeno (sim, aquele onde não são permitidas touradas e onde o Otelo de Carvalho queria meter os fascistas de 75)?

Como o Covid não avisa, decidiu parquear na região de Lisboa e colocar em risco a população dali, hoje com mais casos que o norte do país – a tal zona de parolos, galegos de trabalho, enfim, esses simpáticos que comparados com os residentes na sede do império para igual trabalho fazem o favor (ao país, claro) de receber menos!

A irresponsabilidade do primeiro-ministro e do presidente da República foi e é grave. Nós sabemos que o negócio deles é debitar uma narrativa positiva, dando sinal de um país maravilhoso, sereno, que não se irrita e por tal coisa, possa estar disponível para os levar de andor em próximas eleições.

Mas ficou o que sempre importa: o exemplo. Segundo estes personagens, toda a gente “percebeu” que as más notícias do Covid eram um exagero e participar num evento cultural com duas mil pessoas estaria livre das notícias do apocalíptico vírus. Ou será que os doutos líderes estarão disponíveis para explicar às farmacêuticas que a fórmula final da vacina só se consegue acrescentando à química a dose certa de cultura?

Escrevemos estas linhas porque estamos preocupados com a situação do país e do nosso concelho. Isto é, queremos o melhor dos nossos amigos e vizinhos. E achamos que devemos chamar a atenção para a necessidade de mantermos o distanciamento social,  o uso de máscara (é sinal de que respeita o outro), mas também lembramos que é fundamental evitar concentrações de pessoas, mesmo naqueles momentos em que alma nos doa.

Para memória deve ficar a atitude do autarca do Porto, Rui Moreira que apelou que os cidadãos ficassem em casa na noite de São João – o que teve uma adesão expressiva – proibindo nessa, mesma noite, que o espectáculo (a que assistiu o PM e o PR em Lisboa), fosse realizado ali. Já tentaram perceber porque se chama invicta esta cidade? Pois é!